Imagina misturar a paixão pela costura com o desafio de se reinventar depois de levar um baque da vida. Essa foi a tarefa, nada fácil, da nossa personagem de hoje. Só que ela tinha um fator que muda tudo: apoio das pessoas especiais. E foi assim que começou o sonho de empreender.

Com vocês, Jaquelle Schutt, 41 anos, moradora do bairro Bom Fim, aqui em Porto Alegre, e proprietária do ateliê TiaRetrô. 

FOI ASSIM

“Na adolescência, tive que sair direto do Ensino Médio para trabalhar. Por 15 anos, fui operadora de caixa – oito deles em uma ferragem grande no centro da Capital, onde passei por outros setores, como administração, RH e compras, mesmo sem especialização alguma.”

TiaRetrô. Foto: Arquivo pessoal / Arquivo pessoal

O COMEÇO

“Em 2018, meu marido, Marco, me presenteou com um curso de costura. Eu queria mudar de ramo e fazer o que gosto. Em agosto do mesmo ano, perdi meus pais com um intervalo de três semanas entre um e outro. Tinha acabado de pedir demissão, o baque foi muito grande. Para driblar a depressão, comecei a costurar peças para mim e para minha prima. Nascia, aos poucos, a TiaRetrô.”

MEU NEGÓCIO

“Sou costureira e montei o primeiro ateliê de moda retrô anos 1940 e 1950 de Porto Alegre, adaptada para os dias atuais. Queria mostrar que essa moda não é só vestidos de bolinhas, não é fantasia e, sim, estilo de vida. E qualquer pessoa pode usar no dia a dia.”

DESAFIO

“Após superar a perda dos pais, quando achava que o ateliê começava a engatinhar, veio a pandemia. Como o atendimento era 100% presencial, foi preciso suspender as visitas ao ateliê, que é residencial. Passei a me dedicar a ajustar minha grade de tamanhos, que vai do 36 ao 54, surgindo daí o slogan: “Para vestir uma TiaRetrô, só precisa ter um corpo.”

MOTIVAÇÃO

“Desde o início, tive o incentivo do meu marido, Marco. Minha prima Karen foi essencial para o começo do projeto, pois ela era minha modelo de teste, e minha amiga Luânar Chaiene, mais conhecida como Miss Lu Chayene, segurou minha mão para eu não desistir durante a pandemia.”

DAQUI PRA FRENTE

“Meu sonho é separar o ateliê da minha residência. Me falta também uma máquina galoneira, para que eu possa aumentar o mix de peças no catálogo, que ainda é pequeno. Quero também participar mais vezes das feiras de rua para que mais pessoas conheçam meu trabalho, pois muitas vezes eu ouço ‘Nossa, eu amo esse estilo e nem sabia que tinha alguém que fazia aqui em Porto Alegre’. Espero encorajar mais mulheres a acreditarem em seus sonhos e perceberem que nunca é tarde pra começar. Vida longa ao Ateliê TiaRetrô!”

RECADO DA CRIS 

“Está na hora de seguir em frente e deixar o passado no lugar dele.”