Estar infeliz um ou outro dia faz parte do jogo. Ninguém fica 100% bem o tempo todo, é algo meio impossível. Claro que é importante ter uma média “mais feliz”, mas a deprê mostra que somos humanos. Aquela tristezinha pode nos aproximar de quem somos e até ajudar a entender alguma situação da nossa vida. O problema é quando a tristeza passa do ponto e vira depressão. Aí, a gente paralisa. 

Eu acho que já comentei aqui na coluna que, em 2015, me senti assim. Era uma mistura de sentimentos que me tornavam incapaz e extremamente infeliz. Fui procurar ajuda e descobri que era por conta do trabalho, não do ambiente ou dos colegas, mas a relação que eu tinha com minhas escolhas profissionais. Esse foi o ponto crucial para mudar. 

A personagem de hoje também passou por uma situação assim. Foi em função de uma depressão por conta do trabalho que teve coragem para empreender. Com vocês, Amanda Alana Trojahn, 28 anos, natural de Cachoeira do Sul e proprietária da Amanda Trojahn Acessórios.

Amanda e suas criações. Foto: Arquivo pessoal / Arquivo pessoal

FOI ASSIM 

“Sou de Cachoeira do Sul, interior do Estado. Ajudava meus pais no minimercado da família desde nova, adorava atender o público. Comecei meu ‘negócio’ com 15 anos. Sempre gostei de moda e, na minha cidade, tudo demorava a chegar. Eu era novinha e já queria comprar minhas coisas e ter independência, não precisar pedir dinheiro para os meus pais, até porque eles não conseguiam me dar tudo que eu queria. Foi então que comecei a vender alguns acessórios”.

PRIMEIROS CLIENTES

“No início, revendia peças. Depois, comecei a montá-las e a vender para família, amigos, colégio. Me mudei para Porto Alegre para fazer cursinho e, nos fins de semana, atendia na minha cidade. Quando entrei em Medicina Veterinária, continuei vendendo na faculdade e passei a fazer feiras autorais nos finais de semana em Porto Alegre.”

Modelo de suas criações. Foto: Arquivo pessoal / Arquivo pessoal

A GRANDE MUDANÇA 

“Sou médica veterinária e, até agosto passado, trabalhava no setor público. Pedi exoneração. Eu mantinha os dois trabalhos, porém, fui diagnosticada com depressão por excesso de trabalho e ansiedade. Nesse momento, fiquei bem ruim e tive mais coragem para decidir realizar meu sonho e trabalhar 100% na marca. Foi aí que dei um gás na Amanda Trojahn Acessórios.”

AS FEIRAS

“As feiras de rua foram uma das melhores coisas que poderiam ter feito pela marca. Super recomendo! Hoje trabalho muito na internet, sou a modelo da minha marca e isso me aproxima das clientes, pessoas reais. Porto Alegre tem um grande potencial para crescer ainda mais com as feiras autorais, que ajudam os pequenos empreendedores. Confesso que falta apoio da prefeitura para os eventos, que poderiam explorar ainda mais o ‘compre de quem faz’”.

MEUS DESAFIOS

“Tive dois momentos muito difíceis na marca. O primeiro, quando veio a pandemia e todas as feiras autorais foram canceladas. Outro foi a depressão. Ainda luto muito contra ela, mesmo que tenha me ‘ajudado’ em situações decisivas da vida. Foi o único momento em que eu parei de trabalhar pela marca. Fiquei 15 dias muito mal, no fundo do poço, até conseguir me reerguer.”

Feiras autorais são as preferidas. Foto: Arquivo pessoal / Arquivo pessoal

MEU PORTO SEGURO

“Me espelho muito no meu pai, César Trojahn. Aprendi com ele tudo o que sei sobre atendimento ao público e a ter os pés bem no chão na vida. Minha mãe ensinou sobre moda, sobre querer e fazer, coisas que uso na marca. E meu noivo, que é a base de tudo que tenho construído. Ele sempre está por trás das feiras, das coleções, me fortificando.”

DAQUI PRA FRENTE 

“Este ano, abri uma loja aqui em Porto Alegre, com uma amigona que tem uma marca de roupas. Dividimos o aluguel da loja, que se chama Yasmin Vargas. Quero que ela cresça e se fortifique. Continuo fazendo feiras autorais nos finais de semana, isso leva muito público novo para a loja física e para o site, é minha propaganda, assim como me aproxima ainda mais das minhas clientes. Eu simplesmente amo o que faço e quero encorajar todas as mulheres a se libertarem e seguirem seus sonhos, assim como eu consegui! A batalha não é nem um pouco fácil, mas sempre falo que o segredo do resultado é não desistir, nunca!”

Recado da Cris

“Hoje eu escolho a alegria, e você?