Seguindo a ideia de trazer aqui para coluna assuntos que não me sinto com experiência para falar, convidei a Doroti Debora de Souza Cordella, mãe da Rhaissa. Ela conta sobre a descoberta, o aprendizado e as conquistas da filha que nasceu com síndrome de Down.
Quem sou
Meu nome é Debora, sou professora e psicomotricista (profissional que busca maior compreensão da necessidade do trabalho corporal, integrando mente e corpo de modo a permitir que perceba o seu corpo, domine os seus movimentos e melhore sua expressão corporal).
Sou mãe do Rennar, 28 anos, e da Rhaissa, 22 anos. Ser mãe da Rhaissa, uma jovem que nasceu com síndrome de Down, é um exercício de amor, persistência e aprendizado. É acreditar que vai dar certo sempre.
Quando ela chegou
A Rhaissa nasceu em 26 de fevereiro de 1998. Passei bem no parto e, no dia seguinte, recebi a notícia. O pediatra disse: “A Rhaissa nasceu com síndrome de Down”. É difícil descrever a sensação de impotência, surpresa e angústia, que tive naquele momento, mas, aos poucos, o médico foi nos informando e esclarecendo as muitas dúvidas que tínhamos.
Após o conflito dos sentimentos causados pela notícia, percebemos nossa total ignorância sobre a síndrome de Down. Começamos a buscar orientações com especialistas, e procuramos alguns pais experientes que tinham filhos com a síndrome. A partir dali, para nós, a doença passaria a ser uma dificuldade a ser estimulada.
Síndrome de Down não é sinônimo de exclusão social. É uma ocorrência genética que, no Brasil, atinge um em cada 700 nascidos e está presente em todas as raças. Hoje, quem tem Down estuda, pratica esporte, trabalha, namora, casa, busca dignidade para realizar seus sonhos. Mas é preciso ter muita disposição para continuar nesta caminhada.
Conquistas
A Rhaissa sempre estudou em escola regular. Com três anos, ingressou no maternal, cursou a pré-escola, o ensino fundamental e o primeiro ano do ensino médio em Vacaria, onde vivemos até 2015. Quando mudamos para Porto Alegre, a matriculamos no Colégio Piratini, onde concluiu o Ensino Médio.
A mudança abriu um leque de oportunidades para ela. E foi através da Associação de Familiares e Amigos do Down (AFAD) que Rhaissa fez amigos e começou a participar de atividades que auxiliam na sua autonomia e independência. Hoje, ela faz aulas de dança, artes e musicoterapia. Gosta de cinema, literatura, ir à balada e no Beira-Rio assistir os jogos do Inter com o namorado, Gabriel.
Foi no artesanato que encontrou sua atividade preferida. Ela adora pintar e decorar suas Bonecas Encantadas, que são de todas as raças e expressam o sentimento de amor que ela tem por todas as pessoas. Uma das suas paixões é a pintora mexicana Frida Kahlo.
Eu aprendo
A Rhaissa nos ensina todos os dias a importância de vivermos com alegria, dedicação, persistência e bom humor, sem preconceito e discriminação. Uma deficiência não define você. O que o define é como você enfrenta os desafios que essa deficiência representa. Genética não é destino. Obrigado a todos que fazem parte dessa história.
Para saber mais sobre a rotina da família
No Instagram, tem mais sobre a Rhaissa e a Débora: segue lá em @face_deborasouza.
Pérola
Estávamos assistindo o filme “O Pequeno Buda”, e a minha filha perguntou:
– Pai, então esse que é o Buda que Bariu?
Giuliana, quatro anos
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