No meu programa na RBSTV, o Posso Entrar?, entrevisto e conheço muitas pessoas incríveis. Em uma das matérias que fiz, mostrando a Associação Empreendedoras da Restinga, fundada pela Roberta Capitão, descobri mulheres especiais com o sonho de ter seu próprio negócio no bairro que nasceram e cresceram. Algumas delas já saíram aqui na coluna, e hoje eu apresento mais uma, a Vanessa.
Quando a conheci, ela me contou que tinha uma ferragem toda rosa e que, além de vender o que toda ferragem tem, na loja dela as mulheres se sentem bem, não ficam constrangidas por não saberem o nome de um produto ou material. Como eu sabia exatamente o que ela estava dizendo – porque já me senti assim numa determinada ocasião –, achei a ideia muito boa. De lá pra cá, a ferragem da Nessa cresceu. Ela bombou tanto que virou garota-propaganda de uma campanha do Sebrae e segue cada dia mais realizada.
Com vocês, Vanessa Garcia, moradora da Restinga e proprietária da Ferragem Outono.
FOI ASSIM
“Em 2016, decidi sair da área da saúde e me dedicar à família e ao marido. Questionei se estava fazendo a coisa certa, abandonando a minha profissão, mas decidi que iria ajudar meu esposo na empresa de refrigeração dele. E não deu certo trabalhar com o marido. Mas estava tudo bem, pois nunca me faltou nada em casa e ele pagava todas as despesas. Mesmo assim, eu estava inconformada de não ter um trabalho, além de cuidar da casa.”
APRENDIZADO
“Conversei com uma amiga da adolescência e comentei sobre abrirmos um negócio juntas. Meu marido cedeu um espacinho na loja de refrigeração dele, me deu exatos três metros quadrados para fazer o que quiséssemos. Aí, vieram as ideias. Ela queria abrir uma loja de bijuteria, e eu, uma ferragem. Conversamos, analisamos a realidade à nossa volta e eu dizia: ‘Biju não é algo necessário do dia a dia do povo. Agora, cano, lixa, tinta, veda-rosca, resistência de chuveiro, aí sim’. Resolvemos abrir a ferragem e colocamos lá algumas bijuterias que ela já havia comprado. Assim, em 2017, demos vida à Ferragem Outono. A sociedade com a amiga durou dois meses.”
MEU SONHO
“Acabamos a sociedade, e eu assumi todas as dívidas. E, o pior: sem entender nada de conexões de cano, fios, chuveiros etc. Eu precisava seguir e arriscar sozinha. Passei por vários perrengues, preconceito, piadinhas, e chorei bastante também. Mas continuei. Afinal, era o meu sonho, e eu não poderia desistir. Iria enfrentar tudo e todos e focar na minha liberdade financeira.”
SALVAÇÃO
“Do começo até agora, enfrentei muitos momentos difíceis. Mas o que quase me derrubou foi uma gravidez ectópica (óvulo fertilizado implantado fora do útero). Fiquei sem chão, pois queria muito ser mãe. Perdi o ânimo para lutar por minha empresa. E a salvação veio pela Roberta Capitão e as Empreendedoras da Restinga. Entrei no grupo e vi muitas mulheres com o mesmo propósito e histórias lindas, que me reergueram.”
DAQUI PRA FRENTE
“Estou na Associação Empreendedoras Restinga até hoje, onde sou vice-presidente, com muito orgulho. Sigo tentando fazer a diferença a cada dia. Meu diferencial em relação a outras ferragens é que nenhuma mulher fica constrangida de vir na loja e pedir um ‘negocinho’, pois eu também chamava de ‘negocinho’ quando eu não sabia o nome do material. Fiz mentorias com o Sebrae para profissionalizar ainda mais meu negócio. Hoje, corri o marido para os fundos da ferragem. Carinhosamente peguei todo o prédio dele para mim.”
RECADO DA CRIS
“Acreditar é essencial, mas ter atitude é o que faz a diferença.”
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