Tem um ditado que diz que “sorte é estar preparado para a oportunidade quando ela aparece”. Eu acredito muito nisso! De nada adianta a oportunidade bater na porta, e a gente não estar pronto para executar o trabalho. A personagem de hoje estava preparadíssima! Foram anos dividindo o trabalho no banco com a paixão pela costura, até que a vida se encarregou de “testá-la”. Só que ela aceitou o desafio e começou a realizar o sonho de empreender. Com vocês, Lívia Machado Cordeiro, 43 anos, moradora do bairro Floresta, em Porto Alegre, e proprietária da Lulublu, uma loja de artesanato, tecidos e aviamentos.

FOI ASSIM 

“A minha ligação com o artesanato vem desde pequena. A família toda tem um ‘dom’ para arte. Cresci com minha mãe fazendo tricô e crochê como forma de aumentar a renda familiar. Com 14 anos, comecei a bordar ponto-cruz e a vender para as colegas de trabalho da minha mãe. Logo, veio a ideia de fazer biquínis e saias de crochê, que estavam muito em alta na época. E lá fui eu vender para as amigas da escola. Tirava uma boa renda! Também pensava sempre em como queria ter uma loja, poder ter autonomia para escolher os produtos, gerar empregos e alcançar a independência financeira!”

Empreendedora trocou a carreira corporativa pelos artesanatos, tecidos e aviamentos. Foto: Arquivo Pessoal / Arquivo Pessoal

A OPORTUNIDADE

“A vida seguiu, me formei em Letras, dei aulas. Depois, me formei em Administração e fui trabalhar no corporativo. Mas nunca deixei o artesanato de lado: precisava de dinheiro, fazia bolsas e nécessaires para as colegas. Se precisava desestressar, fazia blusões para família. Em 2019, fui desligada da empresa em que trabalhava há alguns anos e surgiu a oportunidade de comprar a loja. Não pensei duas vezes. Conversei com a família, junta daqui, junta dali e lá começou daquele sonho da adolescência: ter minha loja, meu negócio, empreender no que gostava sem mais trabalhar para alguém.”

NÃO DESANIMEI

“Passados seis meses da compra da loja, veio a pandemia. E, com ela, o fechamento do comércio, as restrições de venda, os tantos boletos a vencer sem caixa algum. Precisei voltar aos estudos, buscar formas de vender com a loja fechada, de entregar de forma rápida e segura. Investi em site, em tele-entrega, em Whats! Estudei marketing, atendimento, finanças e mídias digitais para descobrir formas de fidelizar meu público e entrar na casa dele através de uma tela de celular. Logo no primeiro mês, minha funcionária pediu demissão, fiquei completamente sozinha para fazer tudo. Mas não desanimei, chegava às 8h na loja e saía às 23h.”

CRIATIVIDADE

“Às vezes, levava minha filha junto, pois a escola estava fechada e ela não aguentava mais ficar em casa. Foi aí que tive a ideia de mostrar o que fazíamos dentro de uma loja fechada. Timidamente, fui mostrando os bastidores, as novidades que chegavam, a minha rotina com a família dentro da loja. Comecei a fazer vídeos curtinhos, ensinando peças que as pessoas poderiam produzir dentro de casa com os materiais que tinham: a chamada Terça do Passo a Passo. Foi um sucesso, milhares de visualizações, muitas curtidas e comentários. As pessoas faziam as peças que eu ensinava e postavam, orgulhosas.”

Loja própria era um sonho da empresária. Foto: Arquivo Pessoal / Arquivo Pessoal

CRIEI OS CURSOS

“Quando o comércio foi liberado para as atividades, retomamos com os cursos. E, para minha surpresa, tivemos uma grande procura. Algumas pessoas ficaram desempregadas e precisavam aprender para produzir peças e vender. Precisavam de renda. Então, mais uma vez, fui atrás para descobrir formas de ministrar os cursos para que pudessem suprir as necessidades de cada pessoa. Recentemente criamos o ‘curso kids’, para crianças a partir de seis anos. Mais uma vez, foi sucesso! Conseguimos estreitar nossa relação com o público, já que as mães confiam em deixar os pequenos na loja sob a nossa supervisão.”

CLIENTES AMIGAS

“E assim fui criando as ‘clientes amigas’ como eu chamo. Uma rede que apoia, curte, opina, faz os cursos, investe nos nossos produtos, divulga a marca e que vem na loja com aquele bolinho quente para conversar.  O que mais rola aqui é a troca de experiências e muitoooo papo bom! Eu amo isso!”

GRATIDÃO

“Em toda a minha jornada nestes quase quatro anos de Lulublu, minha família sempre foi a base forte de tudo. Meu marido, minha filha e minha mãe foram sempre incansáveis em ajudar. Nos mudamos duas vezes de local físico em busca de um ponto melhor, mais acessível e mais espaçoso. E, nessas mudanças, sempre pude contar com eles em tudo. Desde visitar salas, carregar a mudança, arrumar vitrine até atender o público. O negócio se tornou um sonho de todos, uma vontade de dar certo de todos.”

DAQUI PRA FRENTE

“O plano é ampliar a loja, expandindo os produtos, ofertando variedade e materiais que não são achados aqui no Sul. A ideia é fazer da loja a referência em artesanato moderno, um local que as clientes saibam que tem o que procuram. Quero que as pessoas pensem na minha loja com uma memória afetiva, um lugar colorido e inspirador, onde elas encontrem os produtos que buscam.”

Se quiser conferir mais do trabalho e dos cursos da Lívia, segue lá no Instagram @lulubluideiais ou acessa lulublu.com.br.

RECADO DA CRIS 

“Iniciar um novo caminho assusta. Mas depois de um tempo percebemos que era mais perigoso permanecer parado.”