Essa semana, conheci a Andressa Gigante, 24 anos, uma estudante de Ciências Biológicas que atua de forma empreendedora no ramo de sex shop desde 2020. A jovem empresária de São Sebastião do Caí, que está no mercado à frente da Vulvas Autônomas, fala sobre sexualidade de forma didática nas redes sociais a fim de auxiliar mulheres a se sentirem seguras ao buscarem seu prazer com acessórios eróticos.

“Vendo autonomia, não vibrador” é o discurso usado justamente para que todas se sintam mais seguras:

– Hoje, a maioria das mulheres que me procura já passou por outros vibradores (brinquedo sexual), outras sex shops ou comprou produtos ruins. Isso acaba fazendo com que elas desacreditem um pouco do poder de transformação dos produtos, ou fiquem de saco cheio de tentar todas as diquinhas da internet pra sentir prazer.

Criadora da loja de produtos eróticos Vulvas Autônomas, Andressa Gigante. Foto: Andressa Gigante / Arquivo Pessoal

Como surgiu o negócio

“Quando eu falo que eu vendo autonomia e não vibradores, o que eu quero dizer é que me preocupo em fugir do tradicional, visando mais a preocupação com o prazer da mulher, que ainda é um tabu na sociedade. Muitas vão até uma sex shop buscando produtos para salvar o seu casamento, a sua relação que já está fadada ao fracasso – muitas vezes com um cara que não está nem aí pro prazer dela, um cara que, muitas vezes, é grosso. Ou para tentar resolver questões com a sua própria sexualidade, que elas não conseguem resolver sozinhas, como: ‘Eu não consigo gozar sozinha nunca!’ Elas vão na sex shop tradicional em busca de um afago, de uma solução rápida e muitas vezes é possível vender (em sex shops) esse discurso de: ‘conheça seu próprio corpo”, ‘respeite seu tempo’, ‘invista em preliminares’…”

Propósito

“Muito do que a gente vê dentro de sex shops tradicionais são produtos que, na maioria das vezes, são para agradar ao homem e não voltados para o prazer feminino. Então, quando eu criei a Vulvas Autônomas, a minha ideia era que eu vendesse produtos bons, produtos que não remetessem a genitais. Queria ir além disso, eu queria vender autoconhecimento e informação. A gente faz todo um trabalho de explicar para as pessoas sobre a questão do corpo delas, como funciona, quais são os melhores estímulos para gozar…Eu sempre reforço com as minhas clientes que elas são a sua primeira fonte de prazer, que a gente tem mania de querer terceirizar isso e colocar isso na conta do outro, né? Quando eu vendo, eu estou vendendo autonomia sexual. É a mulher comprar aquele produto e ela aprender a gozar sozinha, entender que o corpo dela é capaz disso, ela estando em um relacionamento ou não. Ela não precisa de outra pessoa pra conseguir se dar prazer.”

Surpreenda seu parceiro

/// Fuja do comum e aposte em algo sensorial

“Fazer algo que estimule os sentidos além da visão, como vendar o parceiro, e estimular ele com velas de massagem, uma pena, as próprias mãos e a boca, já são uma ótima maneira de fazer algo diferente do convencional nessa data. Muitas vezes, focamos tanto no visual que esquecemos que tem outros quatro sentidos esperando pra serem estimulados.”

/// Como perder a timidez

“O melhor que se pode fazer é conversar sobre o assunto, porque a base de qualquer relação, seja sobre assuntos da intimidade ou não, é o diálogo. Quando se conversa, vai se criando expectativa, vai se criando desejo, vontade… Depois, vira algo automático. Falo pelas minhas clientes, muitas começaram com um vibrador simples e, agora, até o namorado chega de surpresa com algo nosso em datas especiais.”

Que tal colocar em prática no Dia dos Namorados? Foto: master1305 / stock.adobe.com

/// Preconceito

“Umas das coisas que mais me chateou até hoje, foi uma cliente que mandou mensagem dizendo que amava minha loja e os produtos, mas se comprasse, o marido jogaria fora e iria brigar, provavelmente por se sentir inseguro. Apesar de ser frustrante ler isso, o relato só mostrou que ainda existe muito trabalho a ser feito. As mulheres não podem se sentir culpadas ao irem em busca do seu prazer!”

/// Para iniciantes

“Podemos começar por cosméticos e géis, que proporcionam sensações diferentes, como esquentar e esfriar. Joguinhos que vão de baralho temático erótico para casais, brincadeiras com dados e até mesmo uma lingerie mais ousada, mas que você se sinta confortável em usar.”