Eu lembro perfeitamente quando era criança, em Pelotas, sentada na mesa da cozinha da minha vó paterna pensando o que eu iria escrever para o Papai Noel. Lembro da minha grande dúvida: o quê eu falo pra ele?
E lembro também da minha vó explicando os encantos da época de Natal e, ao mesmo tempo, dizendo como era importante a gente escrever o que sente. Ela dizia:
“Minha nega, escreve…deixa registrado o que tá sentindo, o que tá passando no teu coração e guarda…um dia, quando tu menos espera vais encontrar esse bilhete e é tão maravilhoso perceber que é outro momento, e quase sempre um momento melhor”.
Ela sempre soube muito das coisas e aprendi tanto com ela, inclusive foi ela quem me ensinou o que é saudade. Faz tempo que ela se foi mas parece que foi ontem.
Nessa época de Natal é impossível não lembrar dela. Ela enfeitava toda a casa, desde a árvore de Natal mais incrível (tinha até neve) até o laguinho do presépio que fazia a minha imaginação voar e inventar mil histórias com aqueles bonequinhos encima da mesa.
E era também nessa época que escrevíamos a carta para o bom velhinho. Eu escrevia e ela entregava. E sempre chegava ‘um presente’. Eu nunca pedi algo específico, a vó me incentivava a agradecer, o tempo todo aliás, e pedir algo que fosse “proveitoso” e me deixasse “feliz”.
Fiquei pensando que daqui a pouco tempo será o Teteu, meu filho de 1 ano e 10 meses, a escrever a cartinha para o Noel. E os pedidos dele quais vão ser, meu Deus? Porque se ele fosse pedir hoje eu tenho certeza que seria a “chácha” (bolacha), um milho verde, que ele ama, e um banho de piscina até murchar os dedos. Só que dificilmente será isso. E o mais legal nem é o que se pede, o mais legal é o ritual de escrever, pensar e escolher a melhor forma de dizer. E se essa cartinha for escrita com ajuda dos pais ou familiares, aí tá completo.
Conversei com um psicólogo para entender o poder dessa cartinha e o quanto ela pode trazer benefícios e já adianto: estejam juntos!
PALAVRA DO ESPECIALISTA
Chegou o Natal e a época de festividades de final do ano. Como o nome já diz, ocorre um fechamento de um ciclo, começo de um balanço emocional a respeito do ano que as pessoas passaram.
A criança, por exemplo, aflora a sua fantasia de escrever uma cartinha para o papai noel, que é uma figura curiosa e lendária . Na escrita os pequenos registram como acham que se comportaram em casa e na escola durante o ano, se fizeram ou não as atividades exigidas pelos seus pais e etc. A relação entre pais e filhos aqui é fundamental. Os adultos olharem e valorizarem a imaginação da criança que é sadia e criativa entrando em contato com a sua capacidade lúdica como referência de pessoa e então buscar aprofundar mais este amor e respeito familiar na relação que tem.
PÉROLA
– O mãe, você já explicou para os meus irmãos o real significado do Natal?
– Ainda não, Mi.
– Pode deixar que eu explico: gêminhos, o Natal significa que Jesus nasceu e lá na Páscoa ele vai morrer e nascer de novo. Tipo o Deadpool.
(Miguel, 6 anos)
COMENTÁRIOS
Ao enviar seu comentário você automaticamente concede AUTORIZAÇÃO para utilizar, reproduzir e publicar sua imagem e comentário, incluindo o conteúdo das suas declarações e opiniões, através de qualquer meio ou formato, em veículos de comunicação integrantes do GRUPO RBS.