Meu filho, Matheus, está com três anos. Os últimos meses foram de intensas transformações no desenvolvimento. Tenho quase certeza de que ele está na tal “terrible twos”, a chamada adolescência dos bebês. Especialistas dizem que é a fase em que a criança passa a se perceber como indivíduo, com desejos e opiniões próprias, e vive a necessidade de tomar decisões e fazer escolhas por si mesma.
Só que acho que ele também entrou na fase do medo. E é do escuro. Se um quarto está na escuridão, não tem jeito: ele não vai entrar. Pode ter o brinquedo mais incrível lá dentro.
Perguntei porque ele não entrava, e a resposta foi rápida:
– Tem um monstro lá.
– Lá, aonde Teteu? – perguntei.
– Lá embaixo da cama! – respondeu.
Uma hora é embaixo da cama, outra dentro do guarda-roupas, nem ele sabe bem onde o monstro se esconde.
O medo do escuro tem a ver com o medo do desconhecido, do que pode ser uma ameaça. Na medida em que as crianças passam a fantasiar, o vazio é preenchido com o que a imaginação permitir, sem que elas tenham controle.
Palavra da especialista
Segundo a pedagoga Mariana Kroeff, o medo infantil se apresenta de acordo com a capacidade de desenvolvimento da criança, de uma forma lúdica: “Tem um monstro no meu armário, tenho medo do escuro”.
O medo é uma emoção, um sentimento necessário para a sobrevivência. Ele precisa ser sentido e é uma ferramenta de proteção. Portanto, é importante validá-lo, porque isso é real para a criança.
Então, como mediar isso? Diga que entende o medo dela. Isso fortalecerá a sua autoestima, ela entenderá que é compreendida pelos seus medos e que sentir medo, todo mundo sente.
Por exemplo, se ela acha que tem um monstro sob a cama, que tal um borrifador contra monstros? Basta usar a imaginação, colocar água num frasco e usá-lo para repelir esse “inimigo”. Se tem medo de ficar sozinho no quarto, que tal usar objetos e brinquedos (urso de pelúcia, super heróis)?
Superar esse momento, lidar com o medo na infância é importantíssimo para vida..
Dicas para ajudar a lidar com o medo do escuro
1. Ser bom ouvinte
/// Não ridicularizar o medo dos pequenos é importante para que eles sintam confiança em lhes contar sobre suas angústias e medos, e, assim, começar a enfrentá-los.
2. Não ser indiferente ao seu sofrimento
/// O medo de algo real é sentido com a mesma intensidade do que o medo de algo irreal. As sensações de apreensão, ansiedade e temor são as mesmas, independentemente de o nosso medo ser justificável ou não. Portanto, dê atenção aos sentimentos de seu pequeno, mostre que, embora você não os entenda, você os respeita e está lá para ajudar como puder.
3. Adultos também sentem medo
/// É reconfortante saber que não estamos sozinhos. Conte ao seu pequeno sobre suas experiências de quando era criança. Conte sobre seus medos e sobre os meios que encontrou para superá-los.
4. Realize mudanças no ambiente
/// Garanta que seu pequeno sinta-se confortável em sua própria cama e que a iluminação esteja adequada. Vocês podem combinar de deixar um abajur ao alcance, uma luz fraca acesa ou uma porta entreaberta, para que ele sinta-se mais seguro.
5. Procurar ajuda de um profissional
/// Caso o medo tenha se tornado algo que venha a incomodar muito seu pequeno e a prejudicar seu desenvolvimento, vale a pena procurar um profissional.
6. Ler uma história antes de dormir
/// Além de estabelecer um ritual que favorece o sono, pode promover imagens mentais agradáveis para afastar o medo e, de quebra, fortalecer o laço afetivo entre vocês.
Amanhã: último Posso Entrar?
Neste sábado, estarei pedindo para entrar pela última vez nesta temporada. Passou tudo tão rápido e foi tão legal que te convido a acompanhar esse último episódio, na RBS TV, depois do Jornal Hoje.
Duas histórias: a da arquiteta Karol que se formou e abriu um escritório para atender sua comunidade na Restinga, e tem ainda a cumplicidade entre tutora e animal, a amizade da dona Suzana e cachorrinha Nina. Mais: uma entrevista com o cantor Serginho Moah, falando sobre carreira e novos projetos, e uma conversa com a apresentadora do Se Joga, na Globo, Fernanda Gentil.
Tudo isso e muito mais, a partir das 14h. Até lá!
Pérola
– Filha, você já vai fazer seis anos. Precisa aprender a dormir na sua cama.
– Mamãe, você já tem 30 e ainda dorme com o papai…
Rafaela, cinco anos
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