– Eu já dei minhas choradas de lavar a alma, agora só tenho que erguer a cabeça e seguir para o combate. 

Na coluna de hoje, eu tenho a honra de trazer o relato inspirador da Thayana Ramos de Barros, 37 anos. A Thay é produtora de eventos e recebeu, no dia 11 de dezembro de 2015, o diagnóstico de um câncer de mama metastático. Assim como ela, muitas mulheres passaram ou estão passando por esse momento

Filhos: a questão mais delicada

“O diagnóstico é sempre muito difícil. Ninguém gosta de lidar com incertezas, e o câncer nos mostra isso. O diagnóstico traz uma mudança nos hábitos da família, da rotina do paciente. No meu caso, minha mãe (Ana) sempre esteve presente comigo em consultas e quimioterapias. Meu esposo redobrou os cuidados com o nosso filho, e meu pai e irmão deram suporte emocional.”

“A questão mais delicada são os filhos. O Theo tinha quatro anos quando eu tive meu primeiro diagnóstico de câncer de mama. Hoje, ele sabe que convivo com a doença e entende que, quando vou ao médico, estou buscando o melhor.”

Sem fórmulas certas

“Minha opinião: não há fórmula certa para lidar com o câncer. Os filhos sempre serão a nossa maior preocupação. Porém, cabe ressaltar que o choro que limpa a alma deve ser feito todas as vezes em que for necessário, mas eu tentei poupar meu filho de acompanhar esses momentos. Eu acho que devemos cuidar da gente e do psicológico/entendimento deles.”

“Durante o tratamento, se a emoção bater à porta, é natural compartilhar o que está sentindo, tentando usar a linguagem adequada ao entendimento da criança. Neste sentido, acho que a rede de apoio (família e amigos) é importante para cuidar dos nossos medos e preocupações e também dos nossos filhos.”

Reflexões

“O impacto exige que façamos uma reflexão sobre a nossa vida. Há uma confusão de sentimentos que é absolutamente normal. Neste momento, eu acredito que tenhamos que ser mais individualistas no sentir, e apresentar para a criança a situação em um momento em que estejamos mais fortes, até para esclarecer as possíveis dúvidas e acolher com carinho e confiança.”

O poder da verdade

Por Marina Gastaud, psicóloga especialista em psicoterapia psicanalítica, pós-doutora em Psicologia Clínica

É importante os pais serem honestos e sempre falarem a verdade. Tem que usar a palavra câncer, e não “tumor”, “doença” ou “aquele problema”. Usar a palavra câncer ajuda a nomear. É importante dizer para as crianças que é diferente do resfriado ou de outras doenças e, por isso, tá tudo bem ficar perto, abraçar, porque não passa para os outros.

É importante dizer que nada que a criança fez ou pensou foi responsável por essa doença. Que é uma doença que acontece em algumas pessoas e, em outras, não. Que não se sabe muito por que ela acontece, mas que ela (criança) não tem qualquer responsabilidade sobre isso. E que haverá momentos de hospitalização e ausência em função da doença.

É fundamental estabelecer uma ponte com a criança para que ela tire suas dúvidas e possa expressar sentimentos. Que os pais não se assustem com as perguntas que a criança fizer, e que respondam com sinceridade.

Pérola

Perguntei para o meu sobrinho:
– João, você acha que a tia está velha?
Ele me olhou, pensou e respondeu:
– Ahhh, tia, só a cara.
João, cinco anos

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