A fala é, certamente, uma das fases mais importantes do desenvolvimento de uma criança. Nós, pais, podemos colaborar – e muito – nesse período. Aqui em casa, o Matheus, meu filho de dois anos e meio, soltou a língua no último mês.

Claro que ele comete erros, trocando algumas letras ainda, como o “te amo” que, por enquanto, tá saindo “pi amo”. Descer é “cecê”, televisão é “tebelisão”. Mas a gente está conseguindo entender e fazendo ele exercitar cada vez mais a fala.

Aliás, a participação da família nos primeiros anos de vida da criança é fundamental para ajudá-la a desenvolver a linguagem. Segundo a fonoaudióloga infantil Elisabete Giusti, o dia a dia é muito rico em situações que favorecem a comunicação e o desenvolvimento da fala:

A linguagem se desenvolve no meio familiar, em um processo de estimulação continuada, e os pais precisam saber como aproveitar essas oportunidades.

Quando devo me preocupar?

Cada criança é única e tem seu próprio ritmo de desenvolvimento e amadurecimento. No entanto, em alguns casos, como atrasos e dificuldades, é necessário que a família procure um profissional para orientar e acompanhar o pequeno. A família deve se preocupar quando percebe uma diferença muito grande entre a fala do seu filho, se comparada a outras crianças da mesma idade.

Abaixo, confira algumas dicas para estimular a fala em cada faixa etária:

Bebês

/// Converse com ele durante as atividades: banho, alimentação, troca de fraldas.
/// Fale de forma simples, concreta, com bastante entonação e expressão facial.
/// Pronuncie as palavras corretamente.
/// Responda, converse, olhe, toque, sorria.
/// Mostre interesse pela comunicação com ele.
/// Ensine o nome dos objetos e pessoas.
/// Comente o que está fazendo, nomeando, descrevendo.
/// Cante canções infantis.

Dois anos

/// Leia livros ilustrados e chamativos.
/// Repita palavras novas várias vezes.
/// Ensine-o a seguir instruções (ex: “pegue a bola!”).
/// Ouça músicas, cante junto.
/// Escute-o com atenção.
/// Enfatize características dos objetos (cor, forma, tamanho) – Exemplo: “que carro grande!”
/// Dê a oportunidade de usar palavras novas (deixe-o completar uma frase: vamos comprar uma…).

Três anos

/// Estenda a comunicação (mantenha uma “conversa”).
/// Comente sobre semelhanças e diferenças de objetos, pessoas e eventos.
/// Estimule seu filho a contar histórias.
/// Leia para ele histórias cada vez mais longas.
/// Dê um tempo para ele responder.
/// Utilize brinquedos para ensinar preposições: em cima, atrás, ao lado.
/// Conte sobre as atividades do dia.
/// Pronuncie as palavras de forma correta.
/// Ensine o “brincar” (organizar uma brincadeira, criar personagens).

Quatro anos

/// Ajude a criança a classificar os objetos e coisas (exemplo: animais, frutas, meios de transporte).
/// Utilize conceitos de espaço e posição enquanto brinca (“coloque o carro embaixo da ponte!”).
/// Dê responsabilidades.
/// Leia histórias cada vez mais longas.
/// Permita que ele invente histórias.
/// Demonstre satisfação no desenvolvimento da fala dele.
/// Não espere perfeição na maneira como ele fala (nesta idade, algumas trocas ainda são esperadas!).

Cinco anos

/// Escute a criança quando ela falar.
/// Incentive a expressar seus sentimentos, ideias, sonhos, desejos e medos.
/// Estimule brincadeiras criativas.
/// Estimule o relato de experiências vividas na escola, na casa de amigos, etc.
/// Proporcione oportunidades de aprender canções, versos, rimas.
/// Continue lendo histórias.
/// Fale como se falaria com um adulto (mantenha uma “conversa” com a criança).

Seis anos

/// Tenha um momento tranquilo todo dia que permita uma conversa.
/// Comece com leitura de palavras simples, números.
/// Invente histórias ou jogos; “crie” um livro de histórias.
/// Permita que a criança participe das tarefas da cozinha.
/// Veja filmes ou programas com ele e depois conversem sobre o que viram.
/// Deixe que a criança participe das discussões familiares.
/// Incentive seu filho a “escrever” (com letras magnéticas, alfabeto móvel, por exemplo)

Pérola

Estava no banheiro quando meu filho abriu a porta e eu disse:
– Poxa, Felipe, você não me dá paz!
Eu dou amor, que é bem melhor! – respondeu ele.
Felipe, seis anos

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