A coluna de hoje é um desabafo. Quem não se sentiu impotente, triste, ansiosa e com medo dessa nova realidade.
Como serão os próximos meses? Quando teremos de novo o churrasco de domingo com toda família? Iremos à praia no verão? Quando vou poder levar meu filho pra escola? Quando irei ao cinema? Quando vou tirar a máscara? Quando vou rever meus colegas de trabalho?
Teve um dia, nessa semana, que eu acordei assim, angustiada. Parei. Respirei fundo, chorei e resolvi aceitar e seguir em frente. Tem dias que a gente parece que sente mais do que outros, não sei se é o tempo mais fechado, o silêncio da noite ou a falta da normalidade. Mas escolhi aceitar a situação e me reinventar, começando por dentro. Isso significa cuidar mais de mim.
Voltei a fazer exercícios, a escrever projetos, a ouvir mais música e comecei a assistir uma série. Foi maravilhoso, parece que ganhei fôlego! Porque a gente precisa estar bem para cuidar dos outros também.
É como o aviso antes de decolar “em caso de despressurização da cabine, máscaras cairão automaticamente a sua frente. Coloque primeiro a sua e, só então, auxilie quem estiver a seu lado”.
Não fuja da realidade
Marina Gastaud Psicóloga, especialista em psicoterapia psicanalítica, pós-doutora em Psicologia Clínica.
A palavra de ordem é flexibilidade! Estamos vivendo uma situação atípica, um momento traumático. Temos que baixar o grau de exigência com a gente mesmo e com os outros, fazer “contratos de emergência” com as nossas expectativas frustradas. É difícil conter a ansiedade se estamos todos aflitos, com medo.
Esses sentimentos são inevitáveis e a única forma de lidar com isso tudo é aceitando, se permitindo sentir a tristeza, a apatia, o medo ou a raiva. A minha sugestão é: primeiro pira, sente…e depois respira, expira e não pira! Tentar fugir dos sentimentos é a roubada da situação, pois o sofrimento transborda para outro canto. Além disso, as pessoas tem que conseguir montar uma rede de apoio, pedir ajuda para familiares e amigos quando sentirem que estão prestes a transbordar. O confinamento físico não precisa vir acompanhado do confinamento psíquico e emocional.
Nesse sentido, é importante reservar pequenos momentos na rotina para reabastecer as energias e se conectar consigo mesmo: ler um livro, ouvir uma música, ligar pra alguém que faz falta. Se não podemos sair de casa, podemos viajar dentro da gente mesmo e das nossas relações. Esse privilégio de movimentar-se internamente não tem vírus que nos tire!
Ajuda online
Uma sugestão para quem estiver precisando de ajuda é buscar terapia. Muitos profissionais estão atendendo online e algumas instituições com valor reduzido.
O Contemporâneo – Instituto de Psicanálise e Transdisciplinaridade tem vários profissionais fazendo atendimento clínica social.
Informações pelo Whatsapp (51) 9.827.501.89
Pérola
– Mamãe, sabia que eu escuto Deus?
– É, filha? E o que ele fala pra você?
– Que não é para eu ter medo. Que ele me deu muita coragem.
(Cecília, cinco anos)
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