Mesmo após quase quatro anos de sua morte, Marília Mendonça continua presente no coração dos fãs, e também nas discussões sobre o destino de seu vasto acervo musical. Estima-se que a cantora tenha deixado registros suficientes para garantir lançamentos inéditos pelos próximos 20 anos, incluindo gravações de estúdio, registros caseiros e músicas captadas em lives durante a pandemia.
Segundo o empresário Wander Oliveira, da Workshow, que administrava a carreira de Marília, o material é extenso:
“A ideia é trabalhar 10 músicas por ano. Existem coisas para 20 anos, com folga.”
O legado em disputa
Desde o acidente que tirou a vida da cantora, em 2021, três frentes dividem a administração do acervo:
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A família, representada pela mãe de Marília, Ruth Dias, e por Murilo Huff, pai do filho da artista, Léo;
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A Som Livre, gravadora que, em 2019, firmou contrato garantindo os direitos de tudo que a cantora produziu em vida;
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A Workshow, responsável por sua carreira desde o início.
Esses três grupos precisam chegar a consensos sobre lançamentos futuros, mas nem sempre há harmonia. Um exemplo foi o dueto póstumo de Marília com Cristiano Araújo, lançado em 2024. As vozes foram unidas digitalmente na música “De Quem é a Culpa?”, iniciativa da família que não contou com a aprovação de Wander Oliveira:
“Como era vontade da família, eu não achei prudente não autorizar. Mas, se tivessem me perguntado, eu não gostaria que tivesse sido feito.”
O mistério do pen drive
Entre os arquivos inéditos, um pen drive foi motivo de atrito. O dispositivo foi compilado por Juliano Soares, o Tchula, melhor amigo e parceiro de composição da cantora, e reúne cerca de 100 a 110 registros.
Wander Oliveira defende que esse material pertence ao filho de Marília, Léo:
“Para mim, o pen drive pertence ao Léo. Eu gostaria que, no momento em que ele tivesse entendimento, fosse entregue para ele, para fazer o que quiser. Isso é a história da mãe dele.”
No entanto, o advogado da família, Robson Cunha, afirmou que todo o acervo produzido em vida já está sob responsabilidade da Som Livre e confirmou que há negociações com a gravadora para o lançamento do conteúdo do pen drive.
Impasse nas negociações
A divergência envolve também os modelos de contrato. Wander Oliveira tenta converter parte do acordo de cessão feito em 2019 para licenciamento, o que devolveria à família o controle do acervo após um período estipulado. Mas, até o momento, todas as tratativas estão paralisadas:
“O Murilo obrigatoriamente precisa assinar todos os contratos que envolvem o Léo, o que ainda não aconteceu. Mas eu acredito que em breve deve acontecer, e aí nós teremos novos lançamentos da Marília”, explicou o advogado.
A Som Livre, em nota, reafirmou que é a gravadora exclusiva do repertório de Marília Mendonça e que qualquer projeto será realizado em parceria com a família e a Workshow, “sempre com profundo respeito à memória e ao legado da artista”.
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