O PODER DO NÃO

Lá em casa o “não” é a palavra do momento. É a expressão que meu filho, o Matheus, de um ano e nove meses, mais escuta. “Não vai na escada, Teteu! Não pode bater o brinquedo na televisão! Não come a comida do Fito (nosso cachorro)! Não pode bater na mamãe!”
O “não” vive lá em casa e tá tudo bem. Porque dizer “não” faz parte da educação das crianças. E essa fase que o Teteu está é uma das mais determinantes porque a criança aprende muitas coisas com nosso “não”.
O “não” tem o poder de promover um crescimento incrível nas crianças e acreditem, transformá-las em pessoas seguras. Eu conversei com a psicóloga clínica Hericka Zogbi e fiquei encantada com o que essa simples palavra de três letrinhas é capaz de promover. Dizer não, cansa, educar cansa, mas os benefícios futuros são incalculáveis.

PORQUE DIZER NÃO

Chega uma fase, por volta de um ano e meio, que a criança começa a se dar conta que tem vontade própria, quando são contrariadas vem a birra, a gritaria, o choro, elas se atiram no chão …dão um show. É nesse momento, que nós pais, cuidadores ou responsáveis, treinamos nossa paciência e o poder de sermos firmes. E precisamos!
Hericka explica que a criança pequena é tomada pelas suas vontades, pelo que querem, pois não têm a capacidade de compreensão de um adulto. Cabe aos adultos ajudar a criança a medir as suas necessidades, para que ela possa se desenvolver em busca de autonomia e da independência.

Ao dizer um “não”, o adulto indica para a criança quais são os limites do ambiente, até onde ela pode ir. Saber até onde pode ir gera a sensação de segurança e confiança no ambiente e nas pessoas. O “não, o limite” são tecnicamente chamados de “frustrações” que a criança deve ter para que possa conhecer os limites das suas necessidades e das outras pessoas, gerando a capacidade da criança de colocar-se no lugar dos outros. Crescer significa frustrar-se e ir, aos poucos, internalizando que o mundo não é como queremos, conta a psicóloga.

OUÇA TAMBÉM

É importante salientar o papel da conversa e das “negociações”: é sim importante dar voz à criança. A necessidade da criança em contrariar o adulto, dizer ela mesma o “não para comida, pro banho pra roupa escolhida”, da poder para ela reconhecer que também tem vontades que podem ser válidas e que não só de frustração de faz seu desenvolvimento. Porém, há questões inegociavéis, como tomar banho, escovar dentes, alimentar-se de forma saudável, respeitar as outras pessoas, ir à escola. Nestes momentos surgem os “testes” de paciência e novamente a necessidade de firmeza dos adultos.
E atenção, pais ou cuidadores que dão muitas mensagens diferentes, ora pode ora não pode a mesma coisa, faz com que a criança se sinta responsável por ela mesma antes que esteja pronta para isso, e isso pode resultar, na maioria das vezes, em quadros de ansiedade, agressividade, tristeza e irritação.

No fim das contas, esperamos que as crianças possam ser crianças, com limites para serem adultos melhores, e que os adultos possam ser adultos e desempenhar seu papel de formadores de novas pessoas, explica Hericka.

PÉROLAS

Minha sobrinha atendeu o telefone e a moça perguntou:
Oi, posso falar com o responsável?
Ela respondeu:
– Moça, não mora nenhum responsável aqui.
(Eduarda, 7 anos)

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